quarta-feira, 9 de abril de 2008

Informática auxilia inclusão de pessoas autistas

Os potenciais da informática para incluir pessoas autistas vão desde os grupos de discussão, como a Comunidade Virtual Autismo no Brasil, que completa uma década no final deste ano, passa pelas páginas pessoais, portais de informações para profissionais e leigos e, principalmente, softwares que auxiliam no desenvolvimento e integração dos próprios autistas.

Durante o VII Congresso Brasileiro de Autismo, realizado em Fortaleza, o doutor em educação Stephen Shore, que é autista, explicou porque tem tanta afinidade com computadores. “Gosto de estabilidade e fico muito tranqüilo em encontrar as teclas sempre no mesmo lugar”, afirmou. Autor de diversos livros sobre educação, o professor americano diz que sente muitas dores ao escrever com caneta e papel. O sentimento é comum a grane parte dos autistas, que tem dificuldade em desenvolver a habilidade motora fina, essencial para a escrita. Por isso, o computador torna-se uma alternativa para desenvolver a habilidade da escrita.

Com severas dificuldades de relacionamento, as pessoas com Síndrome de Asperger – um grau leve de autismo – usam sites como Orkut e listas de discussão como formas de se expressar. Com 173 associados, o grupo Asperger Brasil reúne há cinco anos pessoas que conseguem trocar experiência até de como conseguir uma namorada. A lista já saiu do mundo virtual com a realização de encontros presenciais onde os aspergueres puderam se conhecer.

Telma Moura Conceição, mãe de uma moça autista de 17 anos, trouxe para a Bahia a “Comunicação Alternativa Ampliada”. A ferramenta é composta por figuras que representam ações e objetos, e permite a comunicação de pessoas autistas não-verbais e funciona como facilitador da comunicação dos demais. Com cliques nas imagens associadas a sons, a pessoa autista pode expressar seus desejos e opiniões, como “beber água” ou “está frio”.

Um dos maiores portais do mundo sobre autismo está sediado nos Estados Unidos. O Autism Speaks (Fala Autista, em português), reúne especialistas que discutem padrões no atendimento das pessoas autistas e outras informações para novas descobertas. É uma comunidade científica sobre autismo, com uma enorme biblioteca on-line aberta para acesso.

O computador também auxilia em outros aprendizados. Gabriel Maciel, que tem 14 anos e mora em Salvador, tem um grande vocabulário e escreve com ortografia perfeita graças a anos assistindo vídeos legendados, animações (especialmente do portal Charges.com) e uso de programas de karaokê. Ele navega pela internet e gosta de fazer pesquisas no You Tube.

Os ganhos são tão grandes que famílias de baixa renda estão comprando computadores. É o caso de Meire Rose, mãe de Ícaro, um garoto autista de 7 anos que está totalmente entrosado à informática. Meire, que mora no subúrbio de Salvador, em Fazenda Coutos, tem sua renda da venda de geladinhos. Ela usou o benefício de ação continuada para que o filho pudesse ter a ferramenta para se desenvolver.

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